O Projecto Plastic Free Architecture é um projeto do Portal da Construção Sustentável que pretende sensibilizar os arquitectos, desafiando-os a projetarem os seus edifícios sem prescrever materiais plásticos ou que derivem do petróleo.
A verdade é que já todos fomos alertados para a necessidade de banir os plásticos das nossas vidas. Porém, esquecemos-nos de uma disciplina muito importante: a arquitectura. Aquela que é responsável pela construção dos nossos edifícios, onde passamos 90% dos nossos dias e que, na sua atividade construtiva, utiliza cerca de 60% de recursos que derivam do petróleo, desde as embalagens dos materiais de construção até aos próprios materiais utilizados na obra, como os isolamentos, pavimentos ou caixilharias que podem, hoje em dia, ser facilmente substituídos por outro tipo de materiais completamente isentos de polímeros ou de outros tipos de plástico.
De todos os resíduos de construção e demolição (vulgo RCD) gerados no sector, 35% são plásticos. Sobre o plástico produzido em todo o mundo, 20% destina-se ao sector da construção, 23% ao mobiliário e electrodomésticos e quase 40% a embalagens.
São os arquitectos os responsáveis pela prescrição destes materiais em obra e os arquitectos de interiores pela decoração. Porém, todos os utilizadores dos edifícios são responsáveis pela sua utilização. Aqui está o grande desafio para um habitat saudável: viver sem plástico num edifício pensado com este propósito desde a sua génese.
Alguns exemplos de onde poderão encontrar plásticos ou materiais que contêm polímeros (que derivam do petróleo) na construção de um edifício, mais comuns, e que facilmente poderão ser substituídos por opções ambientalmente corretas:
- Isolamentos: substituir os comuns EPS, XPS e poliuretanos por materiais naturais, como o aglomerado de cortiça, lãs minerais ou argilas expandidas.
- Canalizações: já existem no mercado canalizações em PVC 100% reciclado, evitando assim o descarte deste material.
- Sanitários: há empresas nacionais onde os plásticos usados em wc, como autoclismos ou tampas de sanitas, são em plástico reciclado, evitando o descarte deste material.
- Caixilharias: não ao PVC. Opte por caixilharias em fibra de vidro, madeira ou alumínio reciclado.
- Revestimentos interiores: mais uma vez não aos materiais virgens derivados de petróleo. Opte sempre por materiais reciclados ou materiais naturais, como a cortiça ou madeira.
- Revestimentos exteriores: inúmeras são as soluções para revestimentos exteriores que fazem uso de pneus em fim de vida, tornando-os em fantásticos materiais de revestimento.
Lembramos que o plástico é um dos maiores inimigos do ambiente. A sua produção não só incorpora petróleo como a extração e produção deste envolve práticas que poluem excessivamente o ambiente. Outro problema grave é que o plástico demora mais de 100 anos para se decompor. Actualmente, são vários os países que aprovaram leis para banir o plástico, que não seja biodegradável, de forma gradual, até o eliminar completamente. Entre outros, estão a Índia, a Indonésia ou a Noruega, por exemplo. Na Costa Rica, o governo está a investir em pesquisas e a oferecer incentivos para o desenvolvimento de novos materiais, com o intuito de banir o plástico em várias áreas até 2021.
Convém salientar que existem áreas nas quais o plástico é indispensável, especialmente em produtos desenhados para a durabilidade. Porém, lembramos que esta deve ser uma necessidade devidamente refletida, pesando sempre o custo ambiental/benefício, ponderando as soluções alternativas, como os referidos plásticos reciclados e o uso do plástico biodegradável e, em alguns casos, questionando sempre quando o uso destes materiais fazem ou não sentido.
Em outubro de 2022, mês da Arquitetura, iremos lançar um caderno de encargos tipo, livre de plásticos. Fique atento!
Portal da Construção Sustentável